segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Um dia mais.

Hoje foi um dia mais.
Assim, para que se entenda melhor: um dia +! Mais de positivo, mais de pletórico, mais de dadivoso. Um dia para lembrar.
E que há para lembrar no dia de hoje? O que o fez tão especial?

Nada.

Mas ao mesmo tempo, cada pequeno gesto cotidiano foi hoje marcado por um ânimo diferente. Um ânimo não tão belicoso, não tão ressentido, tão temeroso, assustado, ansioso, dolorido. Hoje o espírito estava mais leve, mais corajoso, mais limpo, mais pacífico.
E olha que não foi lá um dias dos mais tranquilinhos e ociosos! Hoje teve correria, sim, teve pressa, horário marcado, desencontros, cobranças e pagamentos.
Mas o dia acabou e não ficou aquela antiga sensação de fracasso, de tarefas a meio fazer, desatendidas e negligenciadas por um desânimo sem esperança.
Ou talvez devesse dizer por excessivas esperanças. Por sonhos infantis, ou infantilóides, que ignoravam que não se chega nunca a lugar nenhum, a gente só vai...

E anda, e anda, e o caminho se abre enquanto se anda, e à nossa frente se descortina o desconhecido, que se torna presente palpável, manipulável, real.

"Navegar é preciso", diziam os navegantes antigos...

Soltar as âncoras é preciso.
Libertar-se das amarras do medo; o medo camaleónico e metamórfico que se transmuta no mais insuspeito amor, no mais abnegado dos empenhos laborais, na vontade irresistível de sair por ai e brincar um carnaval louco.
Parece que não, mas é medo.

Medo de quê?
Medo de tudo.
Medo de morrer,
Medo de viver,
de ficar doente,
de endoidecer,
de ficar sozinho,
de ser esquecido,
medo de não ser.


Então, porquê hoje foi um dia mais? Acho que hoje não tive tempo de sentir tanto medo. Esqueci de sentir medo, e aí a vida fluiu livre, solta, descabritada.
Eu não tinha nenhuma exigência do dia de hoje, não pedi nada, só deixei que acontecesse; fiz meu trabalho e pronto, não pensei no que viria depois, somente no que já estava acontecendo, e em fazer bem feito o que devia ser feito.

E a recompensa? Sucesso, mulheres, dinheiro?

Paz no bolso e saúde no coração.

É tudo, isso.

Um comentário:

Unknown disse...

As vezes um dia mais é o suficiente para revigorarmos nossas forças!Suas palavras são inspiradoras.