quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Parmênides


Sou pouco mais que nuvem
que se desfaz à brisa do tempo,
pouco mais que sombra
de tudo o que desconheço,
apenas o transcurso do meu próprio desaparecimento.

Eu sei.
Eu sei,

montes antigos são hoje
apenas poeira no vento,
estrelas que ainda brilham
já morreram há muito tempo
e de outras que já nasceram
nada sabemos ao certo.

Concordo.
Concordo;

Ser é se desfazer, sim.
Mas agora, ao te olhar
mais de perto,
alguma coisa detona
a raíz do meu pensamento

como um relâmpago

um raio

uma explosão de silêncio

Teu sorriso paralizado
na fotografia,
o coração imóvel
lá dentro do peito,
aquela luz aprisionada ao seu redor
num momento qualquer,
corriqueiro.

Entre você e eu
o quieto pulsar do medo.

Oh, Rainha Imortal
deixa-me penetrar
a escura gruta
do teu segredo!

2 comentários:

Vitor disse...

Muito bom seu primeiro poema! Estou aguardando outros e, quem sabe, um futuro livro... rsrsrs
Abraço

Fernanda Baggio disse...

Perfeito. Que é aquele início? Amei. Tem mais de onde veio esse?
Nossa, Lu, de verdade: estou passada. Faz quanto tempo que a gente não se vê? Uns 6 anos? O que houve com você? Foi pra um mosteiro tibetano? Passou o tempo todo uivando para a lua? Seus textos são incríveis. Este daqui para qual eu posto agora, por enquanto, é o meu preferido. Mas quero ler mais, com certeza.
Parabéns. Bjs.